terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Relógio

Só de te olhar já me bate uma agonia, é como se você estivesse aí só para me lembrar, que minha vida tem um tempo determinado. Que o dia, o amor, o arroz, o feijão, o papel, a sandália e até o meu travesseiro tem um tempo. Um tempo pra ser feito, pra ser usado e pra se decompor. Quem te deu o direito de determinar tudo isso? Quem disse que você pode escolher o tempo que o meu macarrão instantâneo fica pronto? 3 minutos? E se eu quiser que seja em 3 segundos? Imagine se todas as pessoas que te usam e sofrem as conseqüências de suas ordens resolvessem questioná-lo? Frases como "Que horas o ônibus passa?" deixariam de existir e o ônibus poderia passar a hora que eu quisesse. Mas você, senhor relógio, insiste em se intrometer onde não é chamado e ainda impõe horários para tudo e todos. E eu achei que tinha muita responsabilidade, você pode comandar nossas vidas como e quando bem entender. Filosofia de uma adolescente com tempo sobrando, até soa engraçado o efeito que o relógio tem sobre nós, e muita gente não para pra pensar nisso por falta de TEMPO! Tempo consumido na luta pela vida, na batalha diária que se estende durante anos, até que seu tempo acabe.